Luxo em Curaçao, R$ 19 mil em Show e Lucros de 1.742%: As Finanças Suspeitas de Domingos Brazão

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Conselheiro do TCE Acusado de Mandar Matar Marielle Franco Tinha Gastos Acima da Renda, Diz PF

De acordo com investigações da Polícia Federal (PF), Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), apresentava despesas muito superiores à sua renda mensal. A surpresa dos investigadores foi ainda maior quando descobriram a compra de um apartamento do doleiro Dario Messer, em leilão relacionado à Lava Jato no Rio de Janeiro.

Domingos Brazão é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Segundo a PF, seus gastos mensais não eram compatíveis com sua capacidade econômica. Nos meses anteriores à sua prisão, em 24 de março, durante a operação Murder Inc, Brazão mantinha um estilo de vida luxuoso.

Documentos apreendidos na casa de Brazão revelaram 32 itens, dos quais 19 estavam relacionados aos imóveis de sua empresa, a Superplan. Os investigadores também encontraram diversas faturas de cartão de crédito que revelaram altos gastos diários.

Por exemplo, em janeiro, Brazão e sua família passaram alguns dias em um resort em Curaçao, no Caribe, com despesas que ultrapassaram R$ 60 mil. Em fevereiro, a fatura do cartão de crédito atingiu R$ 48 mil, sendo R$ 19,3 mil destinados a ingressos para um show do tenor italiano Andrea Bocelli.

Na véspera de sua prisão, Brazão participou de um almoço em um dos restaurantes mais sofisticados de Niterói, acompanhado de seu assessor Robson Calixto e do advogado Rodrigo Lopes Lourenço. Durante o encontro, o principal tema discutido foi a investigação sobre as mortes de Marielle e Anderson, com Brazão encaminhando várias reportagens sobre o caso ao advogado.

As investigações apontam que a vida de gastos excessivos de Brazão começou com investimentos em postos de combustível e, posteriormente, em imóveis. Os lucros desses postos, depositados nas empresas das quais era sócio, garantiram milhões de reais em espécie. Entre 2010 e 2016, os rendimentos de Brazão cresceram 1.742%.

A Operação Quinto do Ouro, uma das fases da Lava Jato no Rio de Janeiro, também investigou Brazão, resultando na apreensão de anotações contábeis que revelaram discrepâncias significativas entre os lucros declarados e o volume de combustível comercializado. A análise da Agência Nacional de Petróleo (ANP) demonstrou que o posto Santa Catarina Combustíveis, ligado a Brazão, tinha lucratividade incompatível com o volume de combustível distribuído.

Um dos pontos críticos foi a compra do apartamento de Dario Messer por R$ 1,6 milhão, através de sua empresa Superplan, em um leilão decidido pela 7ª Vara Federal Criminal do RJ. A mesma vara já havia julgado Brazão na Operação Quinto do Ouro.

Para a PF, os gastos e ganhos de Domingos Brazão evidenciam a motivação econômica por trás do assassinato de Marielle Franco. A família Brazão tinha interesse na grilagem de terras na Zona Oeste do Rio, relacionada à aprovação do projeto de lei 174/2016, de autoria de Chiquinho Brazão na Câmara de Vereadores do Rio.

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